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“Só resistir não basta, é preciso mostrar que nós existimos”

Discussão sobre decolonialidade no jornalismo marca o III Seminário Internacional Pensar e Fazer Jornalismo, realizado pelo Grupo de Pesquisa Práxis no Jornalismo (PráxisJor)


Por Sofia Leite

2º semestre do Curso de Jornalismo da UFC


A dualidade entre jornalismo tradicional e jornalismo decolonial foi um dos principais pontos de discussão da mesa formada pelos pesquisadores Karina Olarte Quiroz, Luan Matheus e Verônica Lima na terça-feira (08/11). Entre os três, um consenso: sobre o pensamento colonial presente no jornalismo hegemônico e sobre a necessidade e as maneiras de alterar essa lógica.


Pesquisador Luan Matheus em mesa no III PráxisJor
Luan Matheus durante o III Seminário Pensar e Fazer Jornalismo (Foto: Gruppe UFC)

A conversa foi a segunda de uma sequência de diálogos sobre temas variados que compuseram o Seminário. Também foram abordados assuntos como a importância da comunicação social em contextos de repressão e os motivos da urgência de os profissionais dessa área seguirem uma linha contrária ao pensamento entendido como dominante.


Karina Olarte Quiroz abriu o debate com uma fala baseada em sua pesquisa sobre o jornalismo na Bolívia. Segundo ela, a maioria dos jornalistas bolivianos está percebendo que os conteúdos desse campo produzidos em seu país têm como base o que é feito nos Estados Unidos e na Europa. Diante dessa conjuntura, o jornalismo decolonial serviria, no entender de Karina, para criar “outros olhares, outros saberes e outras formas de compartilhar”.


A contribuição de Luan Matheus para a discussão trouxe um pouco do panorama histórico do jornalismo brasileiro. Ele falou sobre os primeiros jornais do país, Correio Braziliense e Gazeta do Rio de Janeiro. O primeiro era impresso em Londres e o segundo era focado nos interesses da Coroa Portuguesa, embora produzido no país. Essa observação ilustra a estrutura colonial na qual se insere o jornalismo brasileiro. Segundo Luan,


“No Brasil, nosso jornalismo se desenvolve a partir de uma ótica eurocentrada”.

O pesquisador também apresentou, durante sua intervenção, o conceito de reexistência. “Só resistir não basta, é preciso mostrar que nós existimos”, disse Matheus, ao explicar o termo.


Verônica Lima arrematou com um olhar focado em como criar esse jornalismo decolonial. Para ela, isso só pode ser feito se a decolonialidade for pensada a partir de uma perspectiva coletiva. Trabalhos construídos dessa forma, conforme a pesquisadora, “criam outras possibilidades de refletir por meio de novas epistemes”. Outra questão importante levantada por Verônica foi sobre a contradição existente entre o jornalismo contestatório feito no Brasil durante a ditadura, por exemplo, e o jornalismo industrial que mantém o pensamento colonial. No entanto, ela considera que a dualidade não dá conta de explicar essas facetas da comunicação social brasileira.


Sobre os “Diálogos Intergrupos de Pesquisa”


Os “Diálogos Intergrupos de Pesquisa” integraram o III Seminário Internacional Pensar e Fazer Jornalismo, que foi realizado pelo Grupo de Pesquisa PráxisJor, da UFC, e foi dividido em três áreas temáticas: Jornalismo e Decolonialidade; Plataformização do Jornalismo e Jornalismo Periférico. O evento reuniu membros do PráxisJor e convidados que integram grupos de pesquisa de instituições universitárias brasileiras e do exterior e foi realizado de modo híbrido.


Confira a transmissão do evento



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