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Do melhor ao pior na educação superior brasileira: rankings mostram que o setor público concentra a


A disputa por espaço e pelas melhores colocações nos rankings de qualidade entre o ensino público e privado tem se acirrado nas últimos décadas, período de forte expansão do ensino superior privado. Apesar disso, dados do Ranking Universitário da Folha de São Paulo (RUF) de 2017 (referente a dados de 2016) mostram que os melhores cursos de graduação do país ainda estão concentrados no setor público e os piores, no privado.

O RUF analisa 40 cursos ofertados em mais de 15 mil unidades de ensino superior do território brasileiro. Ao se isolar as dez melhores notas de cada um dos cursos, observa-se que, em média, 8.7 deles são da rede pública e apenas 1.3 da privada (ver gráfico para as percentagens correspondentes).


Isso quer dizer que, ao selecionar-se os dez melhores cursos de Direito, por exemplo, a referida média gera expectativa de que entre 8 e 9 cursos serão oriundos de instituições públicas. No entanto, essa proporção irá variar a depender do curso em questão.

Dos 40 cursos do ranking, em 16 deles todos os 10 melhores avaliados pertencem ao setor público de educação. Assim, nos Agronomia, Biologia, Biomedicina, Educação Física, Enfermagem, todas as Engenharias (com exceção da de Controle e Automação), Farmácia, e outros, as dez primeiras classificações pertencem a instituições públicas.

O inverso, porém, não acontece. O setor privado prevaleceu sobre o público somente no curso de Propaganda e Marketing, onde seis das melhores notas são de instituições privadas e as quatro restantes são de instituições públicas. Na Moda e no Turismo, há empate. Nesses dois casos, cinco dos cursos mais bem avaliados são da rede pública e cinco da privada.

A predominância da educação superior pública em termos de qualidade acontece em detrimento da desvantagem numérica em relação ao setor privado. Em 2016, existiam mais de 12 mil unidades de graduação no País vindas do setor privado. Tendo em vista que a quantidade total de unidades é de 15,3 mil, isso implica que 78,6% dessas unidades acadêmicas pertencem ao setor privado, sobrando, por sua vez, pouco mais de 3 mil unidades (21,4%) para o setor público (ver gráfico abaixo).


Fonte: RUF

Caso não houvesse diferenças estruturais em termos de qualidade entre os dois setores, essa proporção geraria uma expectativa de que, das 10 melhores unidades de cada curso no Brasil, entre 7 e 8 deveriam ser oriundas do setor privado. Entretanto, isso não é o que ocorre, conforme visto anteriormente.

Privadas: as campeãs dos piores cursos de graduação

O RUF também fornece dados dos piores cursos de ensino superior do país. Os números indicam que 89,5% daqueles com as piores classificações estão na rede privada, contra 10,5% da pública.

Dos dez últimos lugares no ranking de qualidade, todos são ocupados pelo sistema de educação privada nos cursos de Administração, Arquitetura e Urbanismo, Biomedicina, Ciências Contábeis, Educação Física, Enfermagem, todas as Engenharias (com exceção da Civil e da Química), Fisioterapia, Letras, Moda, Odontologia, Relações Internacionais, Serviço Social e Turismo.

O único curso que possui uma maior quantidade de unidades do setor público entre as piores unidades é o de Geografia. Já História e Matemática possuem 5 unidades de cada setor.

O pior do pior: a área da saúde no setor privado

O RUF revela ainda uma aparente precarização nos cursos da área de saúde em instituições privadas. Dentre os 40 avaliados pelo RUF, 8 deles são da área da saúde. Trata-se, no caso, dos cursos de Biomedicina, Farmácia, Fisioterapia, Medicina, Medicina Veterinária, Nutrição, Odontologia e Psicologia.

Ao se agrupar as dez piores unidades de cada um desses cursos, 75 delas são do setor privado e apenas 5 do setor público. Isso implica que 97.3% das dez piores avaliações da área da saúde são do setor privado. Isso representa uma percentagem ainda maior do que a geral obtida pelo setor, que é, conforme citado anteriormente, de 89,5% das piores unidades avaliadas pelo RUF 2017.

Superioridade do setor público é ainda maior na pós-graduação

Se os dados do RUF apontam uma superioridade do setor público em termos de qualidade na graduação, os dados da Capes (instituição que autoriza e avalia os cursos de pós-graduação no País) mostram um quadro ainda mais contundente na produção acadêmica de alto impacto.

No caso, a avaliação da Capes (Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior) confere uma nota a cada curso de pós-graduação no país. Tal nota pode variar de um (1) a sete (7). Contudo, a menor nota aceita para que um curso continue em funcionamento é 3.

As notas 4 e 5 significam que o curso obteve um bom desempenho, enquanto notas 6 e 7 são consideradas de qualidade internacional. Ao se considerar apenas os cursos de pós-graduação com nota máxima, ou seja nota 7, observa-se que 146 unidades possuem tal distinção. Destes, entretanto, apenas 15 são privadas (ver gráfico abaixo).


O gráfico acima mostra apenas as unidades de pós-graduação de excelência a nível internacional. Sendo elas 146 de um total de 4.124, isso significa que apenas um pouco mais de 3% dos cursos de pós-graduação possuem a nota máxima conferida pela Capes.

É justamente aí que se concentra, segundo a instituição, a produção científica, tecnológica e acadêmica de maior impacto do país. Conforme o gráfico acima, praticamente 90% dela é gerada por universidades e instituições públicas do sistema de educação superior brasileiro.

Autores: Ana Carolina Mesquita, Ana Karoline Tavares, Débora Nogueira de Oliveira, Francisco Ideides, Jean Lucas Gomes, Rosilene Serafim e Ruth Lene da Silva. (discentes da disciplina de Estatística Aplicada à Comunicação do Curso de Jornalismo da UFC, em 2018.1).

Supervisão e revisão final: Prof. Dr. Diógenes Lycarião (UFC)


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